quarta-feira, janeiro 31, 2007

606 - estou de passagem...

Li, não me lembro onde nem quando, este diálogo entre um viajante e um monge budista:
- Onde estão os teus móveis? As tuas coisas?
- Onde estão as tuas, viajante?
- Não as tenho aqui, estou de passagem.
- Eu também...
Nestas alturas em que a casa onde vivi cerca de quinze anos é uma nuvem de pó, de jornais, de revistas, de recortes, de garrafas vazias, de frascos de vidro, de dossiers, de roupa, de bugigangas, de quadros, de cd's, de dvd's, de vinis (sim, sou assim tão velho) de mil e uma «merdices» que foram ganhando vida própria nestes anos... nestas alturas, apetecia-me interiorizar a filosofia budista e ser caminhante, apenas.

605 - é o mário soares, estúpido (epílogo)

Dos perguntadores presentes tenho de destacar Pedro Mexia, foi brilhante, esta tarde, foi assim como que um peão de brega sem ninguém para o orientar.
O touro era manso não investia para nenhum lado e teve de ser picado vários vezes, Pedro fê-lo na perfeição. Faça-se justiça, Daniel, também, conseguiu fazer uma pergunta pertinente:
«- O Sr. Dr. não se considera assim uma espécie de anti-Cunhal, assim como se o excesso de humanismo matasse a humanidade?»
[Daniel disse em prosa aquilo que Aleixo versejou:
Se gostas de fazer bem
Com qualquer interesse em vista
Não és quem pretendes ser
És simplesmente egoísta]
Por esta altura as pessoas presentes na sala estavam fartas do humanismo de Soares... ajudou Octávio Pato, ajudou Cunhal (pelo meio insinuou que Mexia seria de extrema-direita).
Pareceu-me que apelidou as pessoas que entraram na clandestinidade de cobardes... «eu nunca fui clandestino, vivi sempre na minha casa, excepto quando estive preso», será que é a idade ou é uma necessidade de estar sempre do lado certo da História?
Enfim, sobre a costela monárquica do Dr. Mário já falei em Janeiro de 2006, sobre o resto cá estaremos para falar, um homem que diz que nunca rasteirou ninguém, nem se afastou da ética republicana e depois quando confrontado (pelo Pedro) com o caso Snu/Sá Carneiro diz que foi no calor da luta [vá lá não foi no calor da noite].
O ponto alto foi quando no meio de uma conversa que tinha a ver com o bi-partidarismo se descai com esta pérola:
«- Sou contra o bi-partidarismo, foi o rotativismo que fez cair a monarquia e não queremos que aconteça o mesmo à segunda república».
Para Soares, isto, é, apenas, uma continuação ... houve a 1.ª República, depois a 2.ª República... de Salazar, Marcello, Soares, Pintasilgo, Guterres, Santana Lopes, Sócrates e tal.
Lá vamos nós, cantando e rindo com palas nos olhos, referendados quando nos pedem para dizer sim ou não... cá vai a malta, até quando?

terça-feira, janeiro 30, 2007

604 - é o mário soares, estúpido

O tema interessava-me:
O lugar é agradável (e a tarde não estava chuvosa).
Mário Soares [MS] é hoje um homem afastado do tempo em que vive, bem pode Nuno Artur Silva dizer: Fernando Pessoa e MS são os portugueses mais importantes do séc. XX que a imagem que MS passou esta tarde é que tudo na vida dele aconteceu ao empurrão.
1. Primeiro empurrão - pertenceu à comissão da candidatura do Gen. Norton de Matos como «olheiro» do Partido Comunista ( MS na altura era comunista, facto que não esconde). O PC tê-lo-á obrigado a assumir-se como seu representante junto do general, MS acobardou-se (porque o general era conhecido do pai e tal) mas à terceira insistência lá aceitou, mas disse:
- Eu faço isso mas não contam mais comigo...
Pergunto eu: Qual o partido que tem interesse em manter um militante que se envergonha de o ser?
Daniel Oliveira era um dos perguntadores mas não fez esta pergunta...
2. Segundo empurrão - Ganhou umas eleições mas achava que Zenha seria um melhor primeiro-ministro, mas insistiram muito com ele, o próprio Zenha e tal e ele lá aceitou.
Pergunto eu: Um cidadão que é lúcido (reconheço-lhe a lucidez ao reconhecer que não reunia, nem reúne as condições para exercer um cargo de tamanha responsabilidade) a este ponto deveria na mesma aceitar o cargo, deveria mais tarde candidatar-se a presidente da república? Daniel Oliveira era um dos perguntadores mas não fez esta pergunta...
3. Terceiro empurrão - A candidatura a presidente da república, «estava toda a gente a pedir-me e eu avancei e tal...»
Confesso que saí do São Luiz com a confirmação de algo que sei há muito, que aprendi, também, na FLUL* com mestres como Jorge Borges de Macedo ** existe a malta (gajos como eu e provavelmente como o(a) leitor(a) e existem os outros, tipos como MS que dizem isto em público:
«Octávio Pato só tinha a instrução primária ou menos que isso, mas era muito inteligente, embora de famílias humildes ... fui eu que lhe vali e o abriguei no colégio do meu pai».
* Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
** Para MS foi um controleiro do Partido Comunista (na minha opinião os ensinamentos do Mestre Borges de Macedo são de utilidade extrema: «História, não é dar respostas, é fazer perguntas».
Fazer perguntas em História é questionar tudo: o material, os símbolos, o tipo de letra, a tinta, a pele do bicho...

603 - link-me, link tea

Pois, pois... não instalar contadores e tal.
Hoje aquele «post» esta desactualizado, a minha opinião sobre a «blogosfera» está em constante mudança.
A questão dos «links» faz-me pensar.
Porquê estes e não outros?
Fará sentido «auto-linkar» (significa «linkar-me a mim», como diria o Miguel Sousa Tavares)
Fará sentido possuir «links» para «blogs» sem actividade?
Fará sentido «linkar» os comentadores?
Fará sentido não «linkar» comentadores?
Fará sentido comentar os comentários ou não?
Quem comenta espera uma resposta?
Não possuo «links», nunca me apeteceu aprender como é que se faziam, julgo que as pessoas que me querem conhecer conseguem-no através daquilo que escrevo.
Os «blogs» que visito estão nos meus favoritos, são alterados constantemente, por exemplo não passava por aqui, nem por aqui há algum tempo e vale sempre a pena.
A imagem foi gamada neste «site» , o título tem a ver com o chá ou com a sua falta.

602 - campanha




Porque penso pela minha cabeça, porque sei que a direita e a esquerda «gostam muito de criancinhas», porque o que que se discute neste referendo é, apenas, a alteração a uma lei, porque acho que abster-me de participar nesta palhaçada é um dever cívico.

601 - betinho

Acho que me tornei beto.
Pelo menos mudei para o sistema beta (ou lá o que é isso).
Os gajos disseram-me isto:
Congratulations! Your move to the new Blogger is complete.
Happy blogging,
The Blogger Team
Deve ter corrido tudo bem, presumo... no entanto, é natural que encontrem algumas diferenças.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

600 - iraque

domingo, janeiro 28, 2007

599 - o irmão do outro

Há pessoas de quem esperamos palavras sensatas. Que vejam em vez de olhar. Que não repitam banalidades.
Não gostei.
Tornou-se penoso assistir a dois dos nossos melhores actores perdidos em palco a debitarem um texto repleto de estereótipos (um mau texto e um mau encenador, digo eu que não sou crítico teatral).
Este «post» resulta do artigo publicado ontem na pág. 48 da XIS (n.º 395) .
Diz Sampaio:
«Sou de opinião que nada poderia ter sido decidido sem ouvir com toda a atenção os pais adoptivos, as pessoas que cuidaram da Esmeralda desde os três meses»
Diz o acórdão:
«Esmeralda Porto nasceu no dia 12 de Fevereiro de 2002 (...) Baltazar é notificado, nos autos de averiguação da paternidade comparecendo no tribunal (Sertã) perfilhando de imediato a menor no dia 24 de Fevereiro de 2003.»
Digo eu:
«A criança foi "entregue" com três meses (atenção que estamos a falar de uma criança e não de um saco de batatas) estaria, portanto, com os "pseudo pais adoptivos" há nove meses. O tribunal decide atribuir a poder paternal ao Pai, se a decisão fosse acatada nada do que a seguir se passou ocorreria»
Diz Sampaio:
«Laços biológicos são importantes, mas não são garantia de bons cuidados»
Diz o acórdão:
«Os esforços já desenvolvidos para que a menor Esmeralda seja entregue à guarda e aos cuidados do assistente Baltazar Nunes foram sempre obviados pela actuação do arguido e Maria Adelina, quer com a denegação expressa da tradição da menor para o assistente, quer com o ocultamento do local onde a mesma se encontra, mudando por diversas vezes de residência. »
Digo eu:
«Bons cuidados será no entender de Sampaio andar com a menina a fugir da justiça, alterando a residência (e o próprio nome da criança para Ana Filipa).
Quando pessoas assim são considerados reputados especialistas em educação (e teatro?) que futuro podemos esperar?»
o texto do acordão está disponível aqui...

598 - piratas

Será que exitem piratas hoje?
Onde?

Piratas com classe:

1. este

2. este também

3. ainda este

4. e este

Pirata sem classe (nem para pirata presta)


sexta-feira, janeiro 26, 2007

597 - dois (atlético e leiria)

Olha ... paciência!

quinta-feira, janeiro 25, 2007

596 - câmara imprópria para consumo


manuel marques said...

"Assumimos e vamos continuar a assumir que a água das nascentes não é da responsabilidade da autarquia" contrariando a versão do PS,que lembra que a lei das autarquias diz que a "administração de águas públicas"é da competência das câmaras.
Salientando também que as análises às fontes de nascente custam muito dinheiro ao município e por isso não podem ser feitas todos os meses.
Palavras do presidente, António Mendes.

A verdade é como o azeite...

595 - as regras não têm idade

594 - si ou non?

593 - perla negra

Sequestros, pais pseudo-adoptivos e amor verdadeiro.
Detenhamo-nos nesta história, um menino feliz, desviado da sua família e do seu clube do coração.
Uma pérola que completa hoje 65 anos, continuando felino a vestir o mesmo que veste o clube da cor da esperança.
Parabéns «King Lion» ou Santo Eusébio.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

592 - paiano man II

terça-feira, janeiro 23, 2007

591 - paiano man

homens que se esquecem que são «gays».
Outros esquecem-se que são pais.
Há mulheres que julgam (que se julgam donas da verdade).

domingo, janeiro 21, 2007

590 - o referendo


Chegou a altura de falar sobre o referendo.
Importa recordar como chegámos aqui.
Em 1998 o PPD/PSD era liderado por um senhor que faz comentários, o PS e o país eram (des)governados por um «milagreiro».
Desta «união de facto» nasceu uma criança chamada referendo.
Desta paternidade não resultou grande coisa a começar pela pergunta (assunto já tratado).
Os tópicos seguintes são um resumo daquilo que penso sobre o assunto e que já escrevi aqui e em comentários noutros «blogs»:
1. Sou pelo sim à abstenção.
2. Esta matéria não deve ser alvo de referendo.
3. A pergunta está mal formulada.
4. A campanha do PS é hipócrita [como é possível este partido falar no SIM responsável, se a responsabilidade é deles que não tiveram tomates para passar para a lei aquilo em que acreditam (em que quase todos os partidos com representatividade parlamentar acreditam)].
5. A Igreja tem legitimidade para exprimir a sua (dela) opinião [os mesmos que agora querem impedir a Igreja de se manifestar, são os mesmos que acharam legítimo o direito à indignação no caso das caricaturas].
6. Não há paciência para os argumentos do Não.
7. Não há paciência para os argumentos do Sim.
8. As mulheres não fazem os filhos sozinhas, logo a decisão não deveria ser, apenas, delas e a condenação, também não.
9. Todas as opiniões que li/ouvi [tanto dos defensores do sim como dos defensores do não] vão no sentido que a mulher não deverá/não deveria ser condenada a três anos de prisão pelo facto de interromper voluntariamente a gravidez nas primeiras dez semanas. Então vamos votar o quê?
10. O referendo não resolve nenhum problema. Cria vários. Dinheiro desbaratado a discutir o acessório. O que fazer na segunda-feira seguinte?
Como não tenciono dar mais para este peditório, deixo um apelo aos nossos deputados e deputadas:
- Legislem rapidamente sobre este assunto e deixem-se de demopsicologia.

589 - zé pedro, o jovem

Zé Pedro dos Xutos no movimento: Jovens pelo Sim.
O comendador Zé Pedro é um jovem com 51 anos incompletos, afinal a juventude é um estado de espírito.

588 - arrasador

Há clubes arrasadores... às vezes são arrasados.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

587 - viagem à índia

«Sete annos a nobreza da Bahia
Servia uma pastora Indiana bella,
Porem servia a India, e não a ella,
Que a India só por premio pretendia.
Mil dias na esperança de um só dia
Passava contentando- se com vêl-a,
Mas Frei Thomaz uzando de cautela
Deu-lhe o villão, quitou-lhe a fidalguia.
Vendo o Brazil que por tão sujos modos
Se lhe uzurpava a sua Dona Elvira,
Quasi a golpes de um maço e de uma goiva
Logo se arrependeram de amar todos,
Mas qualquer mais amára se não vira
Para tão limpo amor tão suja noiva. »
Ouro do Brasil e pimenta da India.
Há coisas que não mudam.
Para tão sujo amor, tão lindas noivas.

586 - identidade ribatejana (parte 3.)

quinta-feira, janeiro 18, 2007

585 - roçar em tachos

Palavras para quê?
É uma artista portuguesa...
Tachos?
Pois...

quarta-feira, janeiro 17, 2007

584 - é o destino...

tomamos las calles porque
sabemos que una mujer
luchando por sus sueños y libertad
es invencible.
tenemos la posibilidad
de crear, organizar y decidir
nuestro propio destino.

terça-feira, janeiro 16, 2007

583 - vergonha na cara

Sem falsos moralismos, apreciei muito a atitude digna de Luisão.
Gosto de pessoas que assumem os erros, no caso do pontapeador na borracha, aguardo o dia em que admita com convicção o óbvio:
- Fiz falta neste lance, peço desculpa a Ricardo e ao grande Sporting Club de Portugal.
Eu sei que jogo num clube que é um entre outros (uma maria vai com as outras).
Sei, também, que se me esforçar muito, um dia poderei jogar num clube com estes princípios: esforço, dedicação, devoção e glória... sabendo que glória resulta de esforço, de dedicação e não de cunhas, leais (ou não) ... desculpa Ricardo, eu sei que isto que carrego no braço esquerdo é teu... é vosso.
Nota final: Aposto que é dos «posts» com a relação P/L (palavras x «links») mais elevada da «blogosfera».

582 - ciência... viva!

Tipo tempo de antena, partilho com os meus leitores um comunicado cuja autoria está, devidamente, identificada.
Obviamente, estou disponível para divulgar outros comunicados, independentemente da proveniência [este foi recebido através do «e-mail» do «blog»] se os considerar relevantes, cá vai:
MOÇÃO DE CENSURA
À Gestão do Centro de Ciência Viva (CCV)
O que começou por ser ainda há poucos anos um bom exemplo de iniciativa local de aposta na formação, no conhecimento e no turismo de carácter científico, de inegável sentido empreendedor e qualidade de orientação, rapidamente cresceu em termos de técnicos e de investimentos em equipamento e instalações, apoiando-se em evidentes ligações políticas.
Sem questionar o sucesso alcançado em termos de adesão por parte do público interessado, o Partido Socialista alerta (e alertou por diversas vezes) para o exagero de projectos e de custos a eles associados (em ritmo tão acelerado que careceriam de estudo bem fundamentado) consumindo recursos financeiros municipais que poderiam ser usados a colmatar necessidades essenciais em outras áreas.
A bancada do PS nesta Assembleia questionou, em Dezembro de 2005, o porquê de um Centro de Astronomia poder prestar apoio técnico em termos de manutenção ao Jardim-Horto de Camões. Ao que foi respondido que, como forma de revitalizar a Associação Casa Memória de Camões, a Câmara Municipal utilizava uma professora de Português destacada no CCV (também membro dos órgãos da referida associação) para gerir pessoal, resolver problemas existentes no Horto e guiar visitas a esse local.
Estranhando as ligações mencionadas, perguntas ficaram sem resposta até… se ter levantado a hipótese de o acordo de colaboração existente entre a Câmara Municipal e a Associação Casa Memória de Camões ter sido alterado face a tantas dúvidas levantadas, o que, afinal, não sucedera.
Por análise da documentação inerente ao destacamento de professores do Ministério da Educação para ao CCV – Câmara Municipal de Constância, a Bancada do Partido Socialista denuncia agora o abuso de poder/irregularidade da Câmara Municipal nas pessoas da Sra Vereadora e do responsável pelo CCV ao utilizarem frequentemente, de forma regular, 2 dos 4 docentes destacados para o Parque de Astronomia em outro espaço e em outras funções que não as do próprio CCV. Conseguiram-se assim, em ano de eleições autárquicas e seguinte, evidentes benefícios profissionais, associativos e políticos por via directa da Câmara Municipal e prejuízo do erário público, estando envolvidas diversas pessoas com forte conotação política com a lista eleita pela CDU em Constância.
A bancada do Partido Socialista receia que este tipo de exercício do poder subjugue outras entidades locais que estabelecem ligações com a Câmara Municipal e reprova claramente a vitória das ligações políticas que põem em causa a liberdade e a autonomia das entidades.
Vem, com a presente moção:
· Censurar esta forma de alcançar objectivos sem olhar a meios;
· Exigir a reposição da legalidade;
· Sugerir a reavaliação da necessidade de destacamento de quatro docentes;
· Recomendar a denúncia do acordo com a Associação Casa Memória de Camões;
· Incentivar a procura de alternativas válidas para apoiar a referida entidade (com importância e historial reconhecidos) em termos de recursos humanos e logísticos, com acção directa da Câmara Municipal, desde que de forma correcta e bem delineada;
· Apelar ao bom senso, moderação, honestidade e competência para que quem detém o poder municipal durante muitos anos possa avivar as fronteiras desse exercício.

A Bancada do Partido Socialista

Provavelmente, o senhor que dá a cara por este projecto não faz ideia daquilo que se cozinha nas suas (dele) costas.

Provavelmente, uma professora de português destacada a pedido dum astrónomo não será a pessoa mais indicada para resolver um problema de jardinagem... em Constância, é.



segunda-feira, janeiro 15, 2007

581 - operários especializados

A propósito das «reformas douradas» de Figo e Beckham, o senhor da imagem atirou uma imagem certeira: burgueses, já Medeiros Ferreira julga-os: operários especializados... Eduardo Barroso disse aquilo que para mim é óbvio há muito tempo: Figo é um «pesetero».

domingo, janeiro 14, 2007

580 - interrupção voluntária da v., sim

Sou pelo Sim à interrupção voluntária da votação.
Pensei que isto fosse claro, afinal não foi.
Ora bem, mas afinal sou pelo sim ou pelo não?
«Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?»
A pergunta não faz sentido. A interrupção sendo voluntária é sempre uma opção da mulher (ou isto ou eu não sei o que significam as palavras: voluntária e opção).
«Nas primeiras dez semanas» porquê dez? Se forem dez semanas e um dia a mulher deverá ser presa? [Neste ponto o sim e o não parecem estar de acordo, dez semanas e um dia... dá e dará «cana» com pena até três anos].
«Em estabelecimento de saúde legalmente autorizado» [isto significa o quê, na prática? Será o Serviço Nacional de Saúde a realizá-los nos Centros de Saúde e nos Hospitais, serão realizados em clínicas privadas (poder-se-á aproveitar o «know-how» existente)? Será estabelecido um «plafond» por mulher, digamos dez "desmanchos"?]
Como o tema é complexo, como se irá discutir tudo, excepto o que, realmente, interessa tenho a minha decisão tomada:
- Sim (à abstenção)
- Não (a colaborar nesta votação hipócrita)
Nota final: Que bom seria que o dinheiro que o Estado vai gastar com esta «brincadeira» fosse canalizado para um planeamento familiar eficaz, para o apoio a mães jovens e tal. Por exemplo os cerca de € 75 (quinze contos) que irão receber cada um dos elementos das mesas de voto, poderiam ir para instituições como a Ajuda de Berço.

579 - identidade ribatejana (parte 2.)

és...

és lezírias e charnecas
és cavalo e és touro
és arte, és bonecas
não existes, meu tesouro

és poesia nas desgarradas
és vinho e és bejecas
és doçura, és marradas
és lezírias e charnecas

és lindo como o amor
és judeu, cristão e mouro
és trabalho, és suor
és cavalo e és touro

és rios vazios no Verão
és barbos, fataças e fanecas
és arroz, tomate, melão
és arte, és bonecas

és orgulho e teimosia
és sangue, pele e couro
és bravura e valentia
não existes, meu tesouro



578 - abstens[imn]ão

Quando «os eleitos» não estão à altura das responsabilidades que lhes atribuímos, resta-nos responder activa e conscientemente: não!
Não, à irresponsabilidade de tentarem referendar algo que não é referendável, a consciência e a dignidade de cada indivíduo, a coesão da sociedade enquanto estrutura dinâmica.
Perguntem a um partidário do SIM se gosta de assassinar crianças...
Perguntem a um partidário do NÃO se quer que o dinheiro dos nossos impostos sirvam para pagar investigações policiais, julgamentos e para manter detida num estabelecimento prisional uma mulher que fez um desmancho.
Apenas com uma abstenção activa (digamos, superior a 55%) podemos colocar algum juízo nas cabeças ocas que nos (des)governam.
Para quando referendos sobre:
- o aeroporto da Ota
- o comboio de alta velocidade
- o preço dos combustíveis,
- o papel das Forças Armadas no contexto sócio-político actual
- a adequação das infra-estruturas hospitalares e educativas à ocupação efectiva do território nacional.
Os exemplos podem parecer palermas, mas se o Estado (governo e assembleia) se demitem de legislar, decidir numa situação em que é óbvia a medida a tomar, porque não o fazem noutras que, provavelmente, têm muito mais influência no nosso dia-a-dia individual e colectivo?

quinta-feira, janeiro 11, 2007

577 - algo (estranhamente insignificante) chamado: dignidade


A leitura deste «post» fez-me pensar neste tipo.
Um tipo (como as personagens de Gil Vicente) que vai esticando o peito às medalhas numa república com a memória curta.

terça-feira, janeiro 09, 2007

576 - este gaijo num é do norte...

Não é do Norte, pois no norte existe um regionalismo para dizer: centro comercial, utiliza-se a palavra: shopping.
Norte Shopping, Arrábida Shopping, Maia Shopping e tal, aliás esta moda dos «shoppings» tal como a reconquista avançou de norte para sul...
O engraçado aqui é que na terra de «onde houve nome Portugal», se chame Brasília a um «shopping» que se situa na rotunda da Boavista (perto da mais linda estátua do país).

575 - ironia toponímica

Este ano não ouviremos falar da final da taça de Portugal disputada no estádio de Oeiras, o que não deixa de ser irónico.
Quem sai de Alcântara e apanha este caminho tem uma saída para Porto Salvo, contudo se sair de Alcântara e apanhar a A1 rumo ao Norte o Porto não se salva.

domingo, janeiro 07, 2007

574 - uma tapadinha

Os jogadores fizeram o trabalho deles, o árbitro também.
Contudo... nem todas as equipas perdem com o Atlético.

573 - toma lá, dáká(r)

Esta coisa do Dakar (ninguém lhe chama Lisboa-Dakar, excepto nós) mostra-nos no nosso melhor... uma república a ver passar os automóveis.
Esta peregrinação automobilística leva-nos até à Guiné e ao Senegal para mostrarmos a nossa superioridade material e a pseudo-superioridade moral.
Tudo isto sob o alto patrocínio da Santa Casa da Misericórdia.*
Pelo amor de dEUS.
* não era suposto a Misericórdia dar sopa aos «pobezinhos», contribuir para desperdiçar os poucos recursos naturais existentes na Terra ajudará nessa missão?

sábado, janeiro 06, 2007

572 - de cabeceira

-Está a ver, senhor pedro, esta mesinha não merecia isto, é tão linda... está a ver... esmordaçada por um cão qualquer, uma mesinha destas
- Deixe estar, senhor (...), não faz mal...
- Não faz mal? Uma mesinha destas... enchi-a toda com serradura e cola nos sítios que aquele safardana roeu, lixei, passei com dioxene, encerei-a toda...
- Pois, pois, fez bem... está perfeita, nem se nota...
Encontrei, provavelmente, o único arrendador de casas perfeccionista do mundo, quando digo perfeccionista é perfeccionista mesmo.
- Ó senhor pedro, chegue aqui, acha que ficam bem as gavetas forradas com este papel? Aqui nos armários coloquei papel autocolante, diz que isto é lavável... fica bem não fica? Ah, venha cá está a ver estes azulejos, passei com uma chave de fendas, embrulhada num pano, claro!
- Claro!
- Ficou bom, não ficou?
Ficar ficou, mas com tanto perfeccionismo como é que uma pessoa se pode sentir à vontade... o senhor (...) pode tirar o cavalinho da chuva que eu não vou andar a limpar azulejos com chaves de fendas, enfim
[a mesa da imagem é meramente ilustrativa]

571 - quem somos?

Há um ano publiquei este «post»
Há menos tempo este...
monárquico e comunista, portanto ... outras opiniões sobre Catarina Eufémia, aqui.

570 - prova real (parte 1.)


«E o Cavaleiro entre o silêncio e treva continuou a caminhar para a frente.
Caminhava ao acaso, levado por pura esperança, pois nada via e nada ouvia. As ramagens roçavam-lhe a cara e caminhava sem norte e sem oriente.
O cavalo enterrava-se na neve e avançava muito devagar. Até que de repente parou. O homem tocou-o com as esporas mas ele continuou imóvel e hirto.
- Vou morrer esta noite – pensou o Cavaleiro - .
Então lembrou-se da grande noite azul de Jerusalém toda bordada de constelações. E lembrou-se de Baltasar, Gaspar e Melchior, que tinham lido no céu o seu caminho

quinta-feira, janeiro 04, 2007

569 - tenho pena

Eu como, provavelmente, a maioria dos meus leitores sou contra a morte por enforcamento.
As árvores morrem de pé, outros morriam de rastos ou ajoelhados...
Voltarei a falar deste tema.
Antes de terminar quero recordar que a pena de morte foi abolida na república portuguesa em 1976, mais concretamente através do artigo 25º, n.º 2 da Constituição do referido ano (li por aí que tínhamos sido pioneiros e tal afinal, ainda, não se completaram trinta e um anos...)

terça-feira, janeiro 02, 2007

568 - a fanga e o frango

Os racionais e os animais.
Racionais, provavelmente, vem de ração... ração era o que os «ricos» compravam para alimentar o gado.
Considero-me uma pessoa rica, rica porque fui criado na «pobreza», rico, pois, é na privação que se forja o carácter.
Recordo-me quando era miúdo na alegria que sentia quando almoçava fora e comia um bife (de vaca) com batatas fritas...
Arredores de Lisboa, ano de 2007:
- Podia pedir dois, vizinho
- Quer com ou sem picante?
- Sem picante
- Desculpe, não é um, são dois... o segundo é sem picante, sim... pese separado
- 4.84 euros cada (coincidência)
(...)
A histórinha com letras pequenas aconteceu-me hoje, eu era o vizinho que estava à frente na fila e senti-me «violentado», primeiro porque seria incapaz de pedir algo semelhante, existem senhas, aguarda-se a vez... depois porque é daqueles pedidos irrecusáveis, há pessoas que no mesmo pedido pedem três, quatro frangos, não é incorrecto pedir dois, mas, para mim é... foi.
A imoralidade (tenho plena consciência que aquilo que é imoral para uns poderá não o ser para outros) é projectarmos a nossa moral (ou a falta dela) em outros.
A riqueza e a pobreza, também, não se medem facilmente... aquele homem que é mais rico que eu (se considerarmos riqueza «o deve» e «o haver») comprou um frango para ele, para a mulher e para o filho (entre 20 e 30 anos) eu comi um frango semelhante (codornizes, como lhes chamo) sozinho e «não levei fama de valente».
... perguntava o meu amigo António, os amigos não se servem de nós como trampolins, os amigos estão, simplesmente.
Numa sociedade cada vez mais desmedida apetece-me recordar as medidas antigas, sábias... quadrados de madeira - fangas* - erguidos com esforço, cheios de azeitona negra padejada com suor e sorrisos...
Apetece-me recordar no menino que fui o homem que sou, apetece-me pensar que não somos a quantidade de dinheiro que temos no banco, muito menos o que lhes devemos, apetece-me pensar que credibilidade é muito mais que um cartão de crédito dourado.
* fanga
do Ár. fanka por fanika, saco grande
s. f.,
antiga medida de cereais e sal de quatro alqueires;
medida de carvão de oito alqueires;
lugar ou casa onde se vendiam cereais por estiva;
arrendamento por medidas no Ribatejo.
[para mim fanga é uma medida para «pesar» azeitona, de madeira com pegas, a fanga e a meia fanga...]

segunda-feira, janeiro 01, 2007

567 - ora bolas

566 - se calhar

Se calhar Griet não olhava para trás sobre o ombro esquerdo
Se calhar a pérola estava do lado direito
Se calhar não importa estarmos sempre a olhar o passado
Se calhar importaria olhar em frente e construir o futuro

Um ano novo para construirmos, para assumirmos os nossos insucessos, para deixarmos de nos alegrar com as fraquezas de outros, para sermos justos, para sermos nós... com os nossos defeitos e qualidades, pessoas inteiras e únicas.

Se calhar... é pedir demais.

não é o fim, nem o princípio do fim, é o fim do princípio